Comocoxico
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quinta-feira, 11 de novembro de 2010
O Tempo
A estiagem do Comocoxico é resultado dessa falta de acordo com o tempo, pois várias são as idéias que vão se acumulando.
Uma dessas idéias, para minha tristeza, agora não se realizará. Planejei com Eustórgio, meu tio Toso, trazer para o blog os seus relatos, vividos com a imbativel seleção de futebol dos anos 50 e 60, das festas do Clube Social, das caravanas de estudantes e, principalmente, da política, onde foi ativo personagem.
Ontem, 27 de novembro, ele se despediu desta dimensão, após 78 anos, vividos com intensa alegria.
Foi um dos grandes "agitadores" que Caculé conheceu.
Agora nos resta a saudade e o compromisso de, mesmo na sua ausência, registrar aqui, as histórias que ouvi.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Feliz Ano Novo
Um grande e feliz 2010, com muitas novidades!
É Proibido
É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.
É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
Bruaca de Causos, agora em Caculé
domingo, 15 de novembro de 2009
Caculé de Jardim Novo
Alvissareiras notícias chegam de Caculé: A reforma do Jardim, o ponto de encontro marcante da infância e juventude de caculeenses, principalmente aqueles que já passaram dos 30 anos. Afinal, quem não tem lembranças das brincadeiras ao redor das árvores, dos "pés de ficus", carregados ou não de lacerdinha, das fotos tiradas nos tanques, do cartaz do cinema e, principalmente dos inesquecíveis namoros iniciados em voltas pelo jardim (na calçada de cima, o flerte, e após o consentimento, os beijos e abraços na parte inferior, da praça, claro!!).
Agora aguardamos a nova praça com a restauração da sua beleza, com um caramanchão carregado de flores e, na medida do possível, conservando a sua forma original, para que possamos ter o novo, porém, relembrando o de outrora e os momentos bons ali vividos, e rogando também que seja reavivada a paixão dos caculeenses pelo seu eterno jardim.
Betão, Neto e Tõe, e fotos de 56, 77 e 2007
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Tõe Costa, Tõe Pilinha
O Comocoxico perdeu neste final de semana um assíduo seguidor: Tõe Costa, nascido em Rio de Contas, criado em Caculé, vivia em São José dos Campos/SP, onde sempre encontrava tempo para divulgar seus cartoons no blog SACO CHEIO (http://www.xvasco.blogspot.com/).
Betão Pereira, seu primo, com sensibilidade, escreveu sobre este momento:
"Perdí um irmão!!
Amigos,
Quero externar a minha imensa dor! Perdi um primo-irmão, gente do meu coração! “Tõe Pilinha” para os amigos chegados, pessoa inteligente e simples, que amava Caculé...
Tristeza é o que resta,
Õntem fomos tão felizes,
E hoje você nos deixa...
"Vejam como a vida é passageira,
num instante tudo muda,
o agasalhado se desnuda,
na hora da partida derradeira..."
Antônio Carlos Vasconcelos Costa
23/02/1957 - 06/11/2009
Tõe, leve contigo um pedacinho do meu coração... Vá com Deus!! Te amarei sempre!!
Betão
SSA, 08/11/09"
domingo, 1 de novembro de 2009
BABA DA BOCA DO RIO (20 anos)
BABA DA BOCA DO RIO (20 anos)
(Ponto de encontro da galera de Caculé em Salvador)
Por Betão Pereira
6ª feira, 18:00h, final de expediente: hora de desligar o computador (ainda não tinha internet), juntar os papéis sobre a carteira e fazer algumas ligações para combinar o local do encontro de logo mais: Bar do Chico na Ladeira da Barra, bares do Rio Vermelho (onde Nilo morava), algum bar do Garcia, etc. Este era o nosso ritual de concentração para o baba do dia seguinte (sábado), na Boca do Rio, na década dos anos 80 (lembrando que o baba, desde os fundadores: Ivan Miranda, Nilo, Cabecinha, Jorge Fróes, Eduardo Gener, etc., começou nos anos 70, portanto, teve duração de 20 anos, já tendo mais 20 que acabou). Quanta saudade... Ainda na 6ª feira, no bar, o pedido de Nilo: calabresa acebolada. Aí muita cerveja, violão, bate-papo, piadas, gozações... Quando chegava em casa, eu ainda ia engraxar minhas chuteiras, gostava delas brilhando... Dia seguinte, sábado de manhã: Boca do Rio, imperdível!! Podia chover forte, etc., Nada nos desviava!! Nossas mulheres já sabiam: não adiantava contar conosco para compromisso nenhum no sábado de manhã!! Elas, com nossos filhos, podiam nos acompanhar, tendo a boa opção de nos aguardar, curtindo a praia.
Em fevereiro de 1984, ainda morando em Brasília, vim passear em Salvador. Fiquei por aqui uns 15 dias e peguei uns 3 babas. Para mim foi a felicidade total: Estar nessa cidade fascinante, com meus amigos, na maioria caculeenses, era tudo!! Findo os 15 dias, jurei que em breve estaria de volta a esta cidade, em definitivo. Não deu outra!! Seis meses depois, em agosto do mesmo ano (1984), aportei em Salvador, dessa vez para não mais sair!! A partir daí, tornei-me um dos frequentadores mais assíduos do baba.
Quando chegávamos no baba, sempre com bola nova debaixo do braço, era uma festa para os nativos que ali se encontravam desde o clarão do dia. Infelizmente, depois de 20 anos, não me lembro mais dos nomes deles, ficando apenas na mente os de Coentro e Xaxa. A fisionomia, esta não esqueço nunca!! O nosso time foi sempre muito bom nas suas diversas fases, não perdíamos quase nunca!! O problema era quando, a gente ganhando, Nilo “descia a madeira” nos caras, ia no meio da canela... Aí o pau comia!! E a gente tinha que botar pano quente, administrar a briga. Ou então quando Cabecinha tomava um daqueles “perus” (frango) e Nilo só faltava esganá-lo... Quando já cansados e o sol já escaldante (11:00h), saíamos de campo, deixando a nossa bola com os nativos, o que nos dava moral de ter sempre o mando de campo. Aí sentávamos para a resenha e para acabar com o estoque de cerveja de “Aranha” (no princípio, antes do projeto orla, eram 8 campos. As cadeiras eram os troncos de coqueiros e a cerveja de Aranha era em caixa de isopor. A pista da orla era vai e vem (mão dupla), estreita. Certa vez quase perdi um vôo de volta para Brasília, por causa do engarrafamento. Nato me salvou fazendo verdadeiro malabarismo no trânsito!!
Quero agora lembrar nomes dos que passaram pelo baba, pedindo desculpas caso esqueça de alguém: Ivan Miranda; Eduardo Gener; Nilo; Cabecinha; Beijoca; Raimundo (CQR); Tarcísio; Beto Bonelli (Beto de Rebouças); Ruyter (um dos maiores craques que já vi jogar nos meus 40 anos de futebol...); os irmãos Zezão e eu (Betão Pereira); Adauto (Brasília); os manos Sizininho e Silvinho Pinheiro; os Fróes: Jorge, Luizinho, Ivanzinho e Breno; George Malheiros, Lu de Deba; Fernando Brito (Noronha); Zé Maria; Beto Maradona; Carmélio; Lelê; Líbio; Norberto; Newton de Kelé; Zé Neri; Túlio (BB); Alan Fera; Luciano Pinho (primo); Tadeu Gomes (Pancadão); os manos Adeílson (Nêgo Branco) e Aurélio; jogaram um ou dois babas: Biruê; Vivi; Valdeci; Pinho; Elzevir; Miguelzinho; Lulu, Gute e Adelson (Brasília). Chiquinho de Chico Louro; Netão de Oribe; Sivaldo; Carrilho e Cariquinha. A galera de Ibiassucê: Bené, Didi, Alemão, Tonga... De Urandi: Juarez, Nena... Aí veio a meninada nova de Caculé (na época): Gal e Fabiano de Careca; Manga Rosa também passou por lá; Alessandro de Francinha; Túlio de Esmar; Ari Xavier; Darlan; Helder Porto; Gabriel de Tonhão, Tõe Carlos também passou... E ainda os torcedores e amigos que apareciam para o encontro da galera, ainda que esporadicamente: Bel do Mel, etc. Novamente queira perdoar, alguém que, eu por acaso tenha esquecido!!
Bom, aí o nosso maestro “Nilo”, aprovado num concurso da Secretaria da Fazenda, mudou-se para Vitória da Conquista e, pouco depois, no dia 16 de dezembro de 1991, foi chamado para atuar no”Time do Céu”, onde alguns craques caculeenses já estrelavam, como: Grama (para mim, o melhor goleiro que vi jogar, sensacional!!); Salvador Leitoa, Vavazinho, Brás (Benito); Môca, Vavá Bacalhau; Artur Neves, Jurandyr Costa; Arlindinho... E, como digo na minha canção: “Foi um celeiro de craques que o tempo apagou, porque o tempo passou, e Nilo nem ligou...”
terça-feira, 13 de outubro de 2009
FRANCINA, Heroína Sertaneja
Vivíamos para beber, lavar roupa e cozinhar água do rio do Antônio, mas água não vinha da correnteza do rio, (este quase não existia). Mas das cacimbas, cavadas nas areia do leito do rio, até que minasse uma água quase filtrada, cristalina e podem perguntar aos sobreviventes das cacimbas, gostosas saudáveis. Sim, porque até hoje, passados mais de 50 anos, eu não me lembro de qualquer homem, mulher, criança ou animais daquele tempo que tivessem xistosoma, ameba ou outros vermes, que hoje em dia são quase animais de criação dos brasileiros.
Neste árido cenário, eu vejo, Francina, branca, pequena, magra, quase esquelética, sempre com o nariz marcado pelo “torrado” (fumo em pó, que ela cheirava, guardava em um chifrezinho e que minha avó sempre roubava uma pitada).
Rendo homenagens a Francina, porque em parte eu devo a ela a minha sobrevivência, se não sou hoje, gordo, rosado, vendendo saúde, pelo menos como diz uma amiga de uma geração posterior, “ ainda dá um caldinho”, aos sessenta anos.
(Francina tinha uma força descomunal, é uma resistência absurda por um preço insignificante, pois as famílias viviam na pobreza ou até mesmo em troca de um café com pão), ela transportava incontáveis vezes água para as várias famílias da Rua Pinguela, para as casas de lado e do outro da rua. Recordo a imagem de infância, brincando nos quintais descalço da casa de minha avó, uma ladeira de inclinação razoável, o barranco e sempre observava a figura de Francina descendo ou subindo equilibrando uma lata de água na cabeça, em sua prece silenciosa.
Eram dezenas de viagens, para os Fróes, para Dona Sinhazinha, os Pereira, os Fagundes, o Aquino, os Cavalcanti, onde vejo que dezenas de crianças que hoje, adultos e sem nenhuma recordação sequer das dificuldades de água, que passávamos. Pois os potes sempre estavam cheios nas nossas casas graças à Francina.
Francina era o rádio, a fofoca e a informação de segurança. As famílias mantinham uma certa discrição entre uma casa e outra, mas, Francina, entrava em todas, como uma repórter, e captava atentamente o clima ambiental, as preocupações, as dores, as alegrias. Eu me lembro dela informando, “chegou visita na casa de fulano”, seu fulano tá com uma febre danada”. Minha avó, esperta, mandava encomenda para as amigas, “ ô Francina, quando você for botar água na casa de Drª. Cicrana, entregue este bilhete. Segurança total Francina não sabia ler.
As enchentes do rio era um perigo, não que a chuva não fosse bem vinda, os animais esperavam com mais ansiedade do que os humanos. Pois mesmo quando secava o rio, Francina cavava mais fundo e sempre trazia água. O preço da lata nunca subia na escassez, quem sua era Francina, pois as casas todas tinham um ladeirão danado até o rio. Aos primeiros sinais de mais água corrente, mais plantas passando pelo rio, Francina dava logo o alarme, “ Vai encher, enche logo os potes”. Era época de captar, guardar, conservar a água, para beber, nos potes, para lavar, num tonel ou tanque ou outra vasilha. Quando a chuva caia, Francina não trabalhava, ficava pelos cantos das casas encolhida, cheirando “torrado”, parecendo que só os olhos falavam, e de água ela entendia, após a primeira pancada de chuva, os telhados eram limpos das poeiras, dos cocôs dos pássaros, aí Francina, entrava em ação, inventando jeitos de captar água, para conservação, ela ajudava na aquisição de potes, sabia de sobra à cerâmica mais adequada. Foi um representante de uma profissão que desapareceu, o aguadeiro. Em outras cidades a água chegava em lombo do burro. Para mim chegou no lombo de Francina. Benza a Deus.
Sumí de Caculé, só voltei muitos anos depois, já grande, fui reconhecido por Francina, que aproveitou para me passar um carão, “Eu protegi as cacimbas de aves, bois e cavalo, e você vinha com seus primos sujar as cacimbas dos outros”. Não me lembrava, mas se foi verdade, merecia também uns cascudos.
Francina, não trabalhava mais, não por falta de força, vontade ou resistência, é porque o progresso eliminou algumas profissões do passado. A água agora chegava às casas, encanada, vindo do Comocoxico. Soube que ela chegou a se aposentar pelo Funrual, formalmente. Ótimo.
Francina é ainda lembrança na minha vida, me deixa mais humilde, lembrar dela, pois ninguém vive sozinho, para cada vida, neste cenário divino, tem as vezes centenas de médicos, lixeiros, professores, aguadeiros, que de uma forma ou de outra serviam para dar continuidade á consciência da vida, tanto dos amigos quanto dos inimigos, que circulavam em torno de nos, visíveis ou invisíveis. Seguindo o grande plano traçado, não por nós, mas por Deus. Sonho de vez em quando com Francina, subindo pacientemente o barranco com uma lata de água na cabeça. Penso nela, agora lá em cima, velando para que as nuvens fiquem sempre carregadas. Pra despencar no sertão vermelho do Caculé.
Por: Altamiro Castilho