Comocoxico

Local para contar estórias, causos, mostrar retratos, recitar poesias, encontrar e reencontrar os filhos e amigos de Caculé.
Participem!
contatos: comocoxico@gmail.com

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo

O Comocoxico agradece a todos pelas colaborações neste seu primeiro ano e para celebrar, pegamos emprestado da ACOM CACULÉ, a bela foto da Lagoa com suas luzes de Natal e "É Proibido", de Pablo Neruda.
Um grande e feliz 2010, com muitas novidades!


É Proibido

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Bruaca de Causos, agora em Caculé

Anotem aí. Dia 11 de dezembro, as 20 horas, na Câmara de Vereadores, será a vez daqueles "que tem o umbigo enterrado no quintal", residentes em Caculé, participarem da noite de autografos do BRUACA DE CAUSOS, de Rubem Ivo.


domingo, 15 de novembro de 2009

Caculé de Jardim Novo


Alvissareiras notícias chegam de Caculé: A reforma do Jardim, o ponto de encontro marcante da infância e juventude de caculeenses, principalmente aqueles que já passaram dos 30 anos. Afinal, quem não tem lembranças das brincadeiras ao redor das árvores, dos "pés de ficus", carregados ou não de lacerdinha, das fotos tiradas nos tanques, do cartaz do cinema e, principalmente dos inesquecíveis namoros iniciados em voltas pelo jardim (na calçada de cima, o flerte, e após o consentimento, os beijos e abraços na parte inferior, da praça, claro!!).


Agora aguardamos a nova praça com a restauração da sua beleza, com um caramanchão carregado de flores e, na medida do possível, conservando a sua forma original, para que possamos ter o novo, porém, relembrando o de outrora e os momentos bons ali vividos, e rogando também que seja reavivada a paixão dos caculeenses pelo seu eterno jardim.


Betão, Neto e Tõe, e fotos de 56, 77 e 2007

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tõe Costa, Tõe Pilinha


O Comocoxico perdeu neste final de semana um assíduo seguidor: Tõe Costa, nascido em Rio de Contas, criado em Caculé, vivia em São José dos Campos/SP, onde sempre encontrava tempo para divulgar seus cartoons no blog SACO CHEIO (http://www.xvasco.blogspot.com/).

Betão Pereira, seu primo, com sensibilidade, escreveu sobre este momento:

"Perdí um irmão!!
Amigos,

Quero externar a minha imensa dor! Perdi um primo-irmão, gente do meu coração! “Tõe Pilinha” para os amigos chegados, pessoa inteligente e simples, que amava Caculé...

Tristeza é o que resta,
Õntem fomos tão felizes,
E hoje você nos deixa...

"Vejam como a vida é passageira,
num instante tudo muda,
o agasalhado se desnuda,
na hora da partida derradeira..."

Antônio Carlos Vasconcelos Costa
23/02/1957 - 06/11/2009

Tõe, leve contigo um pedacinho do meu coração... Vá com Deus!! Te amarei sempre!!

Betão
SSA, 08/11/09"

domingo, 1 de novembro de 2009

BABA DA BOCA DO RIO (20 anos)

BABA DA BOCA DO RIO (20 anos)

(Ponto de encontro da galera de Caculé em Salvador)

Por Betão Pereira

6ª feira, 18:00h, final de expediente: hora de desligar o computador (ainda não tinha internet), juntar os papéis sobre a carteira e fazer algumas ligações para combinar o local do encontro de logo mais: Bar do Chico na Ladeira da Barra, bares do Rio Vermelho (onde Nilo morava), algum bar do Garcia, etc. Este era o nosso ritual de concentração para o baba do dia seguinte (sábado), na Boca do Rio, na década dos anos 80 (lembrando que o baba, desde os fundadores: Ivan Miranda, Nilo, Cabecinha, Jorge Fróes, Eduardo Gener, etc., começou nos anos 70, portanto, teve duração de 20 anos, já tendo mais 20 que acabou). Quanta saudade... Ainda na 6ª feira, no bar, o pedido de Nilo: calabresa acebolada. Aí muita cerveja, violão, bate-papo, piadas, gozações... Quando chegava em casa, eu ainda ia engraxar minhas chuteiras, gostava delas brilhando... Dia seguinte, sábado de manhã: Boca do Rio, imperdível!! Podia chover forte, etc., Nada nos desviava!! Nossas mulheres já sabiam: não adiantava contar conosco para compromisso nenhum no sábado de manhã!! Elas, com nossos filhos, podiam nos acompanhar, tendo a boa opção de nos aguardar, curtindo a praia.

Em fevereiro de 1984, ainda morando em Brasília, vim passear em Salvador. Fiquei por aqui uns 15 dias e peguei uns 3 babas. Para mim foi a felicidade total: Estar nessa cidade fascinante, com meus amigos, na maioria caculeenses, era tudo!! Findo os 15 dias, jurei que em breve estaria de volta a esta cidade, em definitivo. Não deu outra!! Seis meses depois, em agosto do mesmo ano (1984), aportei em Salvador, dessa vez para não mais sair!! A partir daí, tornei-me um dos frequentadores mais assíduos do baba.

Quando chegávamos no baba, sempre com bola nova debaixo do braço, era uma festa para os nativos que ali se encontravam desde o clarão do dia. Infelizmente, depois de 20 anos, não me lembro mais dos nomes deles, ficando apenas na mente os de Coentro e Xaxa. A fisionomia, esta não esqueço nunca!! O nosso time foi sempre muito bom nas suas diversas fases, não perdíamos quase nunca!! O problema era quando, a gente ganhando, Nilo “descia a madeira” nos caras, ia no meio da canela... Aí o pau comia!! E a gente tinha que botar pano quente, administrar a briga. Ou então quando Cabecinha tomava um daqueles “perus” (frango) e Nilo só faltava esganá-lo... Quando já cansados e o sol já escaldante (11:00h), saíamos de campo, deixando a nossa bola com os nativos, o que nos dava moral de ter sempre o mando de campo. Aí sentávamos para a resenha e para acabar com o estoque de cerveja de “Aranha” (no princípio, antes do projeto orla, eram 8 campos. As cadeiras eram os troncos de coqueiros e a cerveja de Aranha era em caixa de isopor. A pista da orla era vai e vem (mão dupla), estreita. Certa vez quase perdi um vôo de volta para Brasília, por causa do engarrafamento. Nato me salvou fazendo verdadeiro malabarismo no trânsito!!

Quero agora lembrar nomes dos que passaram pelo baba, pedindo desculpas caso esqueça de alguém: Ivan Miranda; Eduardo Gener; Nilo; Cabecinha; Beijoca; Raimundo (CQR); Tarcísio; Beto Bonelli (Beto de Rebouças); Ruyter (um dos maiores craques que já vi jogar nos meus 40 anos de futebol...); os irmãos Zezão e eu (Betão Pereira); Adauto (Brasília); os manos Sizininho e Silvinho Pinheiro; os Fróes: Jorge, Luizinho, Ivanzinho e Breno; George Malheiros, Lu de Deba; Fernando Brito (Noronha); Zé Maria; Beto Maradona; Carmélio; Lelê; Líbio; Norberto; Newton de Kelé; Zé Neri; Túlio (BB); Alan Fera; Luciano Pinho (primo); Tadeu Gomes (Pancadão); os manos Adeílson (Nêgo Branco) e Aurélio; jogaram um ou dois babas: Biruê; Vivi; Valdeci; Pinho; Elzevir; Miguelzinho; Lulu, Gute e Adelson (Brasília). Chiquinho de Chico Louro; Netão de Oribe; Sivaldo; Carrilho e Cariquinha. A galera de Ibiassucê: Bené, Didi, Alemão, Tonga... De Urandi: Juarez, Nena... Aí veio a meninada nova de Caculé (na época): Gal e Fabiano de Careca; Manga Rosa também passou por lá; Alessandro de Francinha; Túlio de Esmar; Ari Xavier; Darlan; Helder Porto; Gabriel de Tonhão, Tõe Carlos também passou... E ainda os torcedores e amigos que apareciam para o encontro da galera, ainda que esporadicamente: Bel do Mel, etc. Novamente queira perdoar, alguém que, eu por acaso tenha esquecido!!

Bom, aí o nosso maestro “Nilo”, aprovado num concurso da Secretaria da Fazenda, mudou-se para Vitória da Conquista e, pouco depois, no dia 16 de dezembro de 1991, foi chamado para atuar no”Time do Céu”, onde alguns craques caculeenses já estrelavam, como: Grama (para mim, o melhor goleiro que vi jogar, sensacional!!); Salvador Leitoa, Vavazinho, Brás (Benito); Môca, Vavá Bacalhau; Artur Neves, Jurandyr Costa; Arlindinho... E, como digo na minha canção: “Foi um celeiro de craques que o tempo apagou, porque o tempo passou, e Nilo nem ligou...”

terça-feira, 13 de outubro de 2009

FRANCINA, Heroína Sertaneja

Naquele tempo Caculé não tinha água, quando eu falo água, não me refiro à água encanada, cisternas, chafariz. Não, eu me refiro somente a vida que não era dada e permitida, (até que chegassem as enchentes que tornavam a água corrente, intragável, para gente e bicho). Pois de quando em quando ainda chovia, ( de novembro a janeiro alguma coisa até março, depois só com Deus)

Vivíamos para beber, lavar roupa e cozinhar água do rio do Antônio, mas água não vinha da correnteza do rio, (este quase não existia). Mas das cacimbas, cavadas nas areia do leito do rio, até que minasse uma água quase filtrada, cristalina e podem perguntar aos sobreviventes das cacimbas, gostosas saudáveis. Sim, porque até hoje, passados mais de 50 anos, eu não me lembro de qualquer homem, mulher, criança ou animais daquele tempo que tivessem xistosoma, ameba ou outros vermes, que hoje em dia são quase animais de criação dos brasileiros.

Neste árido cenário, eu vejo, Francina, branca, pequena, magra, quase esquelética, sempre com o nariz marcado pelo “torrado” (fumo em pó, que ela cheirava, guardava em um chifrezinho e que minha avó sempre roubava uma pitada).

Rendo homenagens a Francina, porque em parte eu devo a ela a minha sobrevivência, se não sou hoje, gordo, rosado, vendendo saúde, pelo menos como diz uma amiga de uma geração posterior, “ ainda dá um caldinho”, aos sessenta anos.

(Francina tinha uma força descomunal, é uma resistência absurda por um preço insignificante, pois as famílias viviam na pobreza ou até mesmo em troca de um café com pão), ela transportava incontáveis vezes água para as várias famílias da Rua Pinguela, para as casas de lado e do outro da rua. Recordo a imagem de infância, brincando nos quintais descalço da casa de minha avó, uma ladeira de inclinação razoável, o barranco e sempre observava a figura de Francina descendo ou subindo equilibrando uma lata de água na cabeça, em sua prece silenciosa.

Eram dezenas de viagens, para os Fróes, para Dona Sinhazinha, os Pereira, os Fagundes, o Aquino, os Cavalcanti, onde vejo que dezenas de crianças que hoje, adultos e sem nenhuma recordação sequer das dificuldades de água, que passávamos. Pois os potes sempre estavam cheios nas nossas casas graças à Francina.

Francina era o rádio, a fofoca e a informação de segurança. As famílias mantinham uma certa discrição entre uma casa e outra, mas, Francina, entrava em todas, como uma repórter, e captava atentamente o clima ambiental, as preocupações, as dores, as alegrias. Eu me lembro dela informando, “chegou visita na casa de fulano”, seu fulano tá com uma febre danada”. Minha avó, esperta, mandava encomenda para as amigas, “ ô Francina, quando você for botar água na casa de Drª. Cicrana, entregue este bilhete. Segurança total Francina não sabia ler.

As enchentes do rio era um perigo, não que a chuva não fosse bem vinda, os animais esperavam com mais ansiedade do que os humanos. Pois mesmo quando secava o rio, Francina cavava mais fundo e sempre trazia água. O preço da lata nunca subia na escassez, quem sua era Francina, pois as casas todas tinham um ladeirão danado até o rio. Aos primeiros sinais de mais água corrente, mais plantas passando pelo rio, Francina dava logo o alarme, “ Vai encher, enche logo os potes”. Era época de captar, guardar, conservar a água, para beber, nos potes, para lavar, num tonel ou tanque ou outra vasilha. Quando a chuva caia, Francina não trabalhava, ficava pelos cantos das casas encolhida, cheirando “torrado”, parecendo que só os olhos falavam, e de água ela entendia, após a primeira pancada de chuva, os telhados eram limpos das poeiras, dos cocôs dos pássaros, aí Francina, entrava em ação, inventando jeitos de captar água, para conservação, ela ajudava na aquisição de potes, sabia de sobra à cerâmica mais adequada. Foi um representante de uma profissão que desapareceu, o aguadeiro. Em outras cidades a água chegava em lombo do burro. Para mim chegou no lombo de Francina. Benza a Deus.

Sumí de Caculé, só voltei muitos anos depois, já grande, fui reconhecido por Francina, que aproveitou para me passar um carão, “Eu protegi as cacimbas de aves, bois e cavalo, e você vinha com seus primos sujar as cacimbas dos outros”. Não me lembrava, mas se foi verdade, merecia também uns cascudos.

Francina, não trabalhava mais, não por falta de força, vontade ou resistência, é porque o progresso eliminou algumas profissões do passado. A água agora chegava às casas, encanada, vindo do Comocoxico. Soube que ela chegou a se aposentar pelo Funrual, formalmente. Ótimo.

Francina é ainda lembrança na minha vida, me deixa mais humilde, lembrar dela, pois ninguém vive sozinho, para cada vida, neste cenário divino, tem as vezes centenas de médicos, lixeiros, professores, aguadeiros, que de uma forma ou de outra serviam para dar continuidade á consciência da vida, tanto dos amigos quanto dos inimigos, que circulavam em torno de nos, visíveis ou invisíveis. Seguindo o grande plano traçado, não por nós, mas por Deus. Sonho de vez em quando com Francina, subindo pacientemente o barranco com uma lata de água na cabeça. Penso nela, agora lá em cima, velando para que as nuvens fiquem sempre carregadas. Pra despencar no sertão vermelho do Caculé.

Por: Altamiro Castilho

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Moraes, sempre receptivo e atencioso! por Beto Pereira

Desde que encontrei MORAES pela primeira vez, após ficar famoso, percebi o quanto ficou marcado em sua lembrança o período em que morou em CACULÉ, para conclusão do curso científico no nosso saudoso "Colégio Estadual Norberto Fernandes". Tempo também de serenatas, com os primeiros acordes, quando a luz da cidade apagava às 23:00 e, em que foi centroavante do Colo-Colo, ainda no Campão Juvêncio Carinhanha. Foi num super-show na ASCADE (Associação da Câmara dos Deputados), em Brasília, que o encontrei. Naquele ano de 1980, Moraes Moreira estava "bombando", era sucesso no Brasil inteiro com o maravilhoso disco "Bazar Brasileiro", lançado no ano anterior e, talvez o melhor da sua excepcional carreira como compositor. Dei um alô para ele na descida do palco e ele me chamou ao seu camarim, ordenando ao segurança que eu estava liberado para descer. Lá, nos falamos pouco devido ao grande assédio, mas, o suficiente para ele lembrar de Grampão (Arnu), Nilo, D. Iaiá com seus filhos Tidinha, Biru, Custódio, Silvinho e Lia, Chico Louro, etc.

O tempo passou e, em 1984, vim morar em Salvador, onde estou até hoje, e passei a me encontrar com ele mais frequentemente, isto é, em todos os seus shows aqui, de 84 para cá. Há alguns anos fiz amizade com seu irmão caçula, Pilô, e hoje somos grandes amigos, inclusive gravamos um disco agora recentemente, o qual faremos o lançamento em Ituaçu no próximo dia 10 de outubro. Hoje sou amigo de toda a família: D. Nita (a matriarca, uma pessoa linda com seus 92 anos); Zé Walter (o primogênito, advogado, grande escritor, cordelista); Maria Helena (uma simpatia... muito inteligente); Moraes (dispensa comentários...); Eduardo (advogado, grande negociador...) e Pilô (prá variar, também grande compositor); os cinco irmãos como diz a linda composição de Pilô: “Somos cinco feito dedos, feito dedos cinco irmãos; irmãos de sangue, corpo e alma; irmãos de cara e coração”... Também sou amigo dos seus sobrinhos Pablo (filho de Zé Walter) e Yuri (filho de Pilô com Tânia, que também é minha amiga). Não poderia deixar de falar que tive o imenso prazer de tocar e cantar um pout-pourri das músicas maravilhosas de Moraes, nos 90 anos de D. Nita, uma linda festa para parentes e amigos próximos.

No São João deste ano, estando em Caculé, fomos para Ituaçu (eu, Carrilho, Fernando Coelho, Neutinho Borborema, Márcio e Kátia) ver o show de Moraes e sua banda completa: seu filho, grande instrumentista, Davi Moraes; Cezinha na batera; Marcos Moleta no bandolim; o legendário Repôlho na percussa... Um grande show ao estilo junino, sensacional!! Lá, quando chegamos à casa de D. Nita, ele (Moraes) foi logo perguntando por Dudula, Eustórgio, Lícia, Prof. Deba, Zé Porto... Lembrou passagens no colégio, no jardim, no clube social, na caixa d’água... Não esquece de ninguém, de nada. No papo gostoso e familiar quase acabamos com o licôr maravilhoso e incomparável, feito artesanalmente por D. Nita.

Bom, finalizando, o desafio agora é levar Moraes para o próximo São João de Caculé, para o que contaremos com a ação decisiva e costumeira do nosso brilhante prefeito Luciano!! Inclusive já falei com Valdo Seabra sobre um show no Bacurau!!

Obs: Na foto a homenagem que fiz a Moraes em 2004: Moraes, eu e Pilô, e a camisa do Colo-Colo (com propaganda do bar Marajá, de Careca e Dircinho).

domingo, 20 de setembro de 2009

Waldick em Caculé

São João de 85 (*), Waldick afina a voz antes do show, acompanhado pelo banjo de Grampão. Sobre a mesa, uma raridade, somente água e refrigerante!!


Foto do arquivo pessoal de Fernando Coelho.
(*) correção feita por Betão Pereira, presente também na foto.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A Seta 03

O nº 03 de A SETA circulou em novembro de 1968, com 6 páginas. Clique em imagem abaixo, para ampliar a página.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Tampa da Lua (*)

Quando comemoramos os 40 anos da conquista da lua, nos vem à memória um outro personagem caculeense que nos deixou muitas histórias.
Nosso inesquecível Sulino, que em 1969 possuía um boteco ou, como chamávamos à época, café; o Café de Sulino. Localizado num dos pontos do Mercado Municipal de Caculé, era o ponto preferido para discussões de futebol, política e atualidades.
O assunto do momento era a chegada do homem à lua. A Apollo XI chegaria ou não à lua? O homem pousaria ou não no solo do nosso satélite? Eram as indagações do momento.
Numa noite, poucos dias antes do grande feito, estudantes discutiam as possibilidades. Uns acreditavam ser possível, outros não. Os argumentos, contra ou favoráveis, eram os mais diversos, até que nosso “cientista” Sulino entrou na conversa e deu sua opinião: “Eu acho que o homem consegue encontrar o buraco para sair da terra e vai chegar até a lua; agora, encontrar a tampa da lua, pra ele entrar, aí vai ser difícil”.
Sorrisos, gozações, cartazes com desenhos alusivos à “tampa da lua” afixados nas paredes e murais do Colégio... A população, por alguns dias, só falava daquele assunto. Nosso amigo Sulino não suportava mais as brincadeiras. Os clientes ao pedirem uma cerveja, perguntavam o que ele faria com a tampa, era o bastante para ouvirem, no mínimo: “Vou por no... de sua mãe”.
Uma semana após Neil Armstrong ter pisado na superfície lunar, chega a Caculé a revista Manchete que traz uma matéria sobre o assunto e uma foto da lua com o desenho de um retângulo, mostrando o local exato em que a espaçonave pousou.
Sulino comprou um exemplar da revista e se mostrava vencedor, exibindo a fotografia: “Eu tava certo ou não tava? Olha a tampa da lua aí, cambada de burros!”

Se a NASA tivesse conhecido esse homem, seu futuro teria sido outro.

(*) Texto de Sebastião Brito, também conhecido por Cecé ou Tião.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Um ano sem Waldick

Em 4 de setembro de 2008, Waldick foi alegrar bailes em outras dimensões. Não nasceu em Caculé, mas sem dúvida, faz parte da história da nossa cidade. O texto abaixo, escrevi quando recebi a notícia da sua morte.


"Conheci Euripides Waldick Soriano na minha infância em Caculé, quando lotava o Cine Teatro Engenheiro Dórea para cantar "Paixão de um homem".
Nascido em Brejinho das Ametistas, uma vila fincada na antiga estrada que ligava Caetité a Caculé, viveu intensamente seus mais de 75 anos para alegria dos boêmios (as) seresteiros (as) apaixonados (as).
Suas estórias são muitas. Disse-me um amigo que na feira de Itabuna tem um barraqueiro conhecido como "Filho de Waldick" - deve ter filho também em Jacaraci, Montes Claros, Igaporã, Senhor do Bonfim, Caruaru...........
Ano passado assisti emocionado um dos seus últimos shows, aqui em Salvador. Subiu ao palco carregado, trôpego, quase sem falar, e imaginei que não conseguiria cantar. Que nada, quando pediu ao maestro um ré maior, seu vozeirão contagiou a todos!
Waldick foi um poeta cantor dos apaixonados! Quem não se emociona ao cantarolar Torturas de Amor, quando "a noite esta calma e minh'alma esperava por ti"?
Em "a voz do povo é a voz de Deus", seu auto-retrato: "Deixei minha cidade tão humilde e pequenina, Pra buscar felicidade e cumprir a minha sina, eu sonhava ser cantor e ninguém acreditava em mim, Mas eu tinha o meu valor, Lutei muito e agradecido canto assim, A voz do povo é a voz de Deus, Chegou a hora da verdade, Muito obrigado amigos meus, Tudo de bom, felicidade." (Meu filho Rodrigo sugeriu mudar o nome de Brejinho para Waldick Soriano - Leleto é com você e os parlamentares de Caetité)
Valeu Waldick, "vou ficar aqui chorando, pois um homem quando chora tem no peito uma paixão" e "garçom, amigo, apague a luz da minha mesa, eu não quero que ela note, em mim tanta tristeza."
E.T. Dizem que Waldick é o Frank Sinatra do Nordeste, mais cá prá nós, o tal do Frank é que deve ser chamado de "Waldick Soriano dos isteites"

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Bruaca de Causos




Caculeenses de Salvador, "que tem o umbigo enterrado no quintal da casa", eis um bom motivo para reencontros: Dia 10/09 - logo depois da festa do Sagrado Coração de Jesus, às 18 horas, na Civilização do Shopping Barra, lançamento do BRUACA DE CAUSOS de Rubem Ivo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

90 anos de uma grande paixão!

Hoje Caculé comemora seus 90 anos de emancipação. Mais desde 1854 já encantava o escravo Manoel, que a beira da lagoa, construiu sua morada.
Hoje é dia de festa e participamos da celebração, divulgando fotos enviadas por seus filhos Rubem Ivo e Altamiro Castilho.
São fotos das décadas de 20 , 30 e 40, onde podemos ver a Congregação Mariana, com o Pe. Daniel, a primeira seleção de futebol e o terreno onde hoje é a Praça do Jardim.

PARABÉNS CACULÉ!



segunda-feira, 27 de julho de 2009

O email de Antonio Moraes

Alô meu povo de Caculé!

Entrei no Blog e adorei, primeiramente quero pedir desculpa a Arnulfinho, pelo sumiço do monóculo, foi mal mas a minha intenção era boa. Fiquei me lembrando dos Rebeldes, como eu gostava de fazer parte do grupo, mesmo tocando bateria, que nunca foi o meu forte. Mas eu queria estar alí, principalmente perto do mestre Arnunice, com quem pude aprender, não só violão, como na vida, admirava o seu jeito libertário de ser, sinto saudades e peço a Deus que esteja num lugar maravilhoso. Arnunice e Dudula, são realmente dois mestres para mim. Caculé é a minha segunda terra, ter estudado aí foi pra minha vida muito importante. Sempre fui bem recebido e até hoje sou grato por isso. Espero uma oportunidade de voltar a esta cidade tão querida. Agora, como gosto mais de fazer, vou expressar nos versos de uma canção, toda minha gratidão aos grandes violonistas autodidatas do interior, que são a minha referência.

GRATIDÃO
Dudula e Arnunice
Boreta e Gabiraba
O interior se gaba
Dos seus violonistas
Que tocam de ouvido
que são autodidatas
que fazem serenatas
Jamais são esquecidos

Olhando pros seus dedos
Viví momentos raros
Eu descobrir segredos
Que hoje me são caros
Amigo Violão
Aos mestres com carinho
Dedico esse chorinho
Que se chama gratidão

Subí na caixa d agua
E pra toda cidade
Cantarolei as mágoas
Da minha mocidade

No banco do jardim
Tentei fazer bonito
Pra que Tio Benedito
Se orgulhasse de mim

Tem corpo de mulher
O meu instrumentú
Te quero Caculé
Te amo Ituaçú

MORAES MOREIRA.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

CACULÉ DE TALENTOS

ARQUIVO MUSICAL, por Arnulfo N. Sapucaia

Na década de 60, em nossa querida Caculé, foi criado o primeiro conjunto musical e quem é dessa época ou anterior a ela, deve lembrar-se com certeza dos ‘REBELDES’. Conjunto formado por ARNUNICE (Grampão), ARNULFO (Arnulfinho), ANTONIO MORAES (hoje Moraes Moreira) e MILTON TEIXEIRA, (filho de Antonio Teixeira, ex-prefeito). O uniforme era composto por uma camisa vermelha, tendo estampado no bolso, a letra R e uma calça preta.
Arnunice tocava um violão elétrico, fazendo solo, Arnulfinho tocava também um violão elétrico fazendo base (acompanhamento) e contrabaixo, Antonio Moraes na bateria e Milton Teixeira o cantor, com aquela voz bastante grave. Pronto, estava formado o mais famoso conjunto musical da época. Nesse tempo a nossa condição financeira era bastante precária, os instrumentos eram eletrificados com captadores feitos manualmente, a bateria era composta por um bumbo, o prato da bateria pertencia à Banda de Chico Amaral e as caixas de percussão, eram emprestadas do Colégio Norberto Fernandes. Como a vontade e o amor pela música eram superiores, tudo era superado. Nosso primeiro contrato foi para tocar em uma festa, na Coroação da Rainha, final de ano, na cidade de Mortugaba. Foi um sucesso. O dinheiro que ganhamos foi bom, mas só deu para pagar as despesas de botecos, (risos) Outras festas foram aparecendo, Licinio de Almeida, Jacaraci, Ibiassucê, Rio do Antonio, Tauape, Ibitira, Condeúba, etc... Sucesso total. Como diz o ditado “tudo que é bom dura pouco”, assim foi nosso conjunto. Quando o quarteto foi extinto, com a saída de Antonio Moraes e Milton Teixeira, foi criado um novo conjunto musical chamado OS INOCENTES. Era composto por: Arnunice, Arnulfinho, Ademir, Carrilho e Louro, mas os detalhes ficam para a próxima.
Hoje, nosso querido Arnunice (Grampão), mora em outra dimensão

A nossa expressão maior,
Reside doravante,
Numa outra dimensão,
Uníssono e feliz,
Navegou no
Infinito cósmico,
Cenário onde agora,
Executa lindas canções.
Palavras do nosso querido amigo Betão.

Arnulfinho mora em Caculé, trabalhando na Secretaria da Segurança Pública (Investigador de policia), Milton é professor aposentado, Antonio Moraes foi para a capital e seguindo sua vocação musical hoje é o grande cantor/compositor MORAES MOREIRA, também um exímio violonista, que por sinal aprendeu com o grande amigo Arnunice (Grampão).
Infelizmente a única foto, tipo monóculo, que registrava o quarteto, Moraes levou consigo, dizendo que ia mostrar para sua tia e familiares, depois devolvia e até hoje (risos), mas está registrado na memória de todos, tenho certeza.
Abraços,
Arnulfinho

Nota do Comocoxico: Enquanto Arnulfinho prepara um novo texto e na ausência do monóculo levado por Morares, contemplamos uma foto histórica de OS INOCENTES.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

HERMANDINO, O HERÓI

UM HOMEM QUE, COM MUITA IMAGINAÇÃO E BOA PITADA DE MENTIRA, SE FEZ HERÓI (*)

Quem viveu em Caculé nas décadas de 60, 70 e 80, deve se lembrar muito de Hermandino Sales e de suas histórias, geralmente contadas em mesa de bar.

Contou ele, certa vez, que foi goleiro titular do Flamengo (Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro), por muitos anos.

Uma vez, o Flamengo foi contratado para um jogo amistoso num pais da África que comemorava sua data magna com uma grande festa. “Nosso herói”, como sempre, grande boêmio e chegado a farras, na noite anterior à viagem, se envolveu em uma farra, dormiu muito tarde e perdeu o vôo que levou a delegação à África.

Lá chegando o Flamengo, os torcedores africanos assediaram os jogadores querendo saber quem era Hermandino.

Frustração total e revolta da torcida. Boicote. “Hermandino não jogando, não iremos ao estádio”. Problema criado, o chefe da delegação entrou em contato com os diretores que haviam ficado no Rio, para que, de qualquer forma, mandassem o goleiro naquele dia.

Conseguiram um vôo, com escala em Roma e, lá se foi o grande jogador. Na escala em Roma, quem entra no avião? – O Papa, convidado de honra pelo governo daquele pais, para as comemorações. De Roma até o destino, reclamações do pessoal do Vaticano com os comissários, que não davam atenção ao Santo Padre, voltando seus cuidados e préstimos somente àquele rapaz de macacão vermelho e preto.

Quando pousaram no aeroporto de destino, uma multidão aguardava Sua Santidade e gritavam todos, numa só voz: VIVA O PAPA!!! VIVA O PAPA!!!, quando um torcedor ferrenho do rubro-negro carioca, que conhecia por fotografia seus ídolos, viu alguém descendo as escadas do avião e gritou: OLHA O HERMANDINO ALÍ!!! Foi o bastante para que todos os presentes partissem para a aeronave em busca de autógrafo ou tão somente para ver de perto o grande ídolo. Derrubaram o Papa nas escadas, deixando-o sozinho com a equipe do Vaticano e saíram carregando nos braços o jogador mais importante do Flamengo.

Nos braços da torcida, seguiu ele agradecido, porém, muito chateado com tudo aquilo.

“Se soubesse que ia acontecer tudo isso eu não teria vindo ou teria pedido ao Flamengo para me mandar num vôo particular”.

Glória e fama não é para qualquer um.

(*) Texto de Sebastião Brito, também conhecido por Cecé ou Tião, o filho de Seu Abdenor e Dona Maroca.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Um cordel para o Prof. Deba

Um cordel para o meu querido mestre e amigo Prof. Deba, por Beto Pereira, em 15/08/07.


Filho de Seu Florindo e Dona Almerinda
Prá vida as mangas bem cedo arregaçou,
Mostrando que o caminho é o estudo
Partiu prá Caetité, onde logo se formou

É bom parar prá pensar
Só cresce na vida quem quer estudar
O seu legado é sempre atual
Adquira conhecimento, não há nada igual

Rio do Antônio com certeza se orgulha
De ter um filho catedrático
Homem de grande cultura
Sem desprezar a ciência ele é prático,
Construindo tudo em formosura
Seja de qualquer modo, ainda mais no didático

Grande educador que sempre foi
Não poderia deixar de fazer parte
Do seu currículo de mestre em educação
A qualidade de incentivador da arte

Meu querido Professor
De cordel não entendo nada não
Quero apenas dizer
Que não faço confusão
Sei que o grande educador
Do conhecimento é o maior artesão.

O email de Rubem

Depois de receber o email abaixo de Rubem, tratei logo de arranjar tempo e colocar agua nova na barrage! Ser cobrado com poesia não tem preço!!!!

"Sobre a Demora

Tá tomando muito goró, matutando uma munganga, se livrando de um picó ou só cosinhando galo?
Abro destabocado o blog, a barrage tá no que tava, um olho corre pra onde berra o bode e o outro pra onde muge a vaca, fico atolermado com a seca.

É uma cobrança jocosa, pura brincadeira de quem gosta de lá beber.

Abr
Rubem"

TRIBUTO A UM MESTRE, por Ney Costa

TRIBUTO A UM MESTRE
Ao professor Idalmi, pela comemoração dos seus “50 anos”

Ney Costa (*)

Mestre, rememorando tempos d’outrora
vejo-te em frente à loisa
explicando-nos coisas
logo ao nascer da aurora!
Começavas a falar
posto de pé em nossa frente
cumprindo, fielmente,
a missão de nos ensinar!
Unindo teoria e prática
carregavas contigo um vasto saber
onde nós, estudantes, buscávamos conhecer
os princípios lógicos da matemática!
Hoje te vejo a comemorar
meio século de vida
e, com a mão estendida
venho te parabenizar!
Trago também na voz embargada
quase sufocada pela emoção
palavras sinceras de gratidão
pelos ensinamentos da longa jornada!
Guarda portanto, ó mestre, contigo
no âmago do teu coração
estes versos como recordação
do humilde poeta... do aluno... do amigo!

(*) Ney Correia Costa, nascido e criado em Caculé, é filho de Jurandyr e Cleuza Costa.

CACULÉ, por Eny Meirelles

Terra vermelha,
poeira
de um tempo
que passou.

Resta a saudade
dos amigos,
colegas,
Colégio,
estudantes-filhos
que adotei
e, junto aos meus,
seguiram trilha
da sabedoria,
da ordem
e da lei.

Algazarra da mocidade.
Ritmo da banda escolar.
Som de paz e alegria
que fez
muita gente chorar.

Homens fortes
de mãos calosas
e pés no chão.

Homens evoluídos
de mente sadia
e bom coração.

Lembranças de Caculé,
terra vermelha
de sangue e amor.
Poeira de um tempo
que o vento inclemente
levou....

A Festa foi boa!!

Faltou tempo!! Foram tantos encontros, reencontros, leitoas, quentões, forró na praça, forró na rua, forró nas casas, forró nas roças....
Ficou o gosto de quero mais e a certeza de novo encontro no São João de 2010.
Algumas imagens feitas por Cleuza Tetê Santos, Ivone Gabriel e Fabíola Aquino.

A Equipe - PRVC e CINE (*)

Toda região sertaneja baiana, no início da década de 1950, foi castigada por tão longa e inclemente estiagem, que provocou um surto epidêmico, causando muitos sofrimentos e sérias preocupações não só à população carente como a fazendeiros, agricultores e comerciantes.

Sensível aos reclamos e apelos das autoridades municipais, o governador Régis Pacheco, ordenou a vinda a Caculé, de uma equipe de profissionais da área de saúde, composta de dois médicos e três enfermeiras para a prestação de assistência aos desprovidos de recursos e implementação de outras ações de emergência.

A equipe hospedou-se no Hotel Lia, o mais conceituado e famoso na época, de propriedade de Dona Maria José Nascimento, carinhosamente Lia do Hotel, uma criatura de prendas domésticas e de boas maneiras. Lia de fala mansa e simpática, recebia seus clientes com urbanidade e atenção.

Dada por concluída a sua missão, ao longo de duas semanas, a equipe, diga-se de passagem competente, realizou com zelo e espírito solidário, um trabalho tão útil quão importante, de socorro e educação sanitária. E, ao despedir-se da cidade, certamente em retribuição ao tratamento recebido e a boa acolhida que teve da família caculeense, a médica que chefiou o prestativo conjunto, o fez através dos Serviços de Alto Falantes da PRVC, cujo ponto de rádio era dirigido pelo competente e impecável locutor Aizete Gonçalves Fauaze. Pronunciando comovidas palavras de agradecimento à comunidade, no ensejo, realçou que a D. Lia, além de cuidadosa e diligente hoteleira, era uma senhora, na realidade possuidora de sentimentos nobres e notáveis predicados sociais e humanos.

Já que fiz referência a Gonçalves, não posso olvidar o seu ilustre mano Nacim, pois ambos foram agentes responsáveis pelo lançamento de bons filmes, que não seriam exibidos em Caculé não fossem os esforços desses dois pioneiros, inteligentes programadores que lutaram pela escolha e qualidade dos filmes exibidos.

Aqueles que tiveram a ventura de conviver coma fase de ouro do Cine-Teatro Engenheiro Dórea, devem se lembrar da exibição regular de filmes, que proporcionaram grandes momentos de recreação e lazer aos seus premiados frequentadores, graças à atuação desses verdadeiros “irmãos coragem”.

Movimentados foram também os interessantes “Programas de Auditório”, realizados na mesma casa de espetáculos, aos domingos e feriados, animados e desenvolvidos por Eustórgio Cavalcanti e outros auxiliares, com a participação efetiva de amadores e calouros, sempre dispostos a enfrentar o temível microfone.

Recordo de jovem calouro, com seu vozeirão, cantando: “Ó sol, tu que és o rei dos astros, tu que iluminas o mar e a montanha”, sacudindo a platéia entusiasmada e delirante.

Bons tempos aqueles!...

(*) Crônica de Vespasiano Filho, publicado em seu livro "RECORDOS", editado em 2000, pós mortem. Se vivo completaria 97 anos, no último domingo, 5.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Arraiá de Caculé

Todos os caminhos levam a Caculé. Vamos lá!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

A visita de políticos

Na década de 60 políticos da capital visitaram a cidade. Recepcionados no campo de aviação, seguiram em caminhada pela Av. Antonio Muniz até a praça do hotel de Lia, para o comício.
Segundo nosso poeta Rubem Ivo, na foto ao lado do Padre, neste dia ele fez o seu primeiro e único discurso político em Caculé.
Clique na foto para ampliar a imagem e reencontrar personalidades da nossa sociedade.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Seta nº 02

A segunda edição de A Seta circulou em janeiro de 1957. Clique nas imagens para ampliá-las!

domingo, 24 de maio de 2009

Uma pausa para agradecimentos

Passado dois meses que este Comocoxico começou a encher, e já acessado mais de mil vezes, por quase 400 conterrâneos e amigos, agradeço os elogios e incentivos recebidos, além das contribuições e sugestões enviadas.
Embora sem águas novas nos últimos dias, vários contatos foram mantidos e novidades começaram a ser divulgadas (Nei Costa, Zé de Dila, Eustorgio Cavalacanti, Eny Meireles, Tosa Cavalcanti, Rubem Ivo, entre outros).
Renovo o convite a todos que enviem material da nossa cidade, que segundo Prof. Deba, "tem realmente bonita história e muito assunto verdadeiramente inspirador".
E meu caro professor, suas palavras me emocionaram muito - meu obrigado especial! Todos aguardam aqui no Comocoxico, suas tantas outras palavras, que registram nossa gente com grande sensibilidade.

E.T. Respondendo aos amigos e incentivadores, Marcus Gusmão e Nilson Galvão, catingueiros de Conquista e Brumado, Comocoxico é uma grande e inspiradora barragem, construída nos anos 40, para abastecer e embelezar a região.

sábado, 16 de maio de 2009

Lia Lora


LIA LORA (*)

Quero aqui lembrar a figura de uma pessoa ímpar de nossa Caculé, pela sua beleza, pelo seu comportamento sui generes, que fez e fará parte em todos os tempos da historia da nossa cidade: LIA LORA.
Nunca ninguém soube seu nome verdadeiro, nem sua idade.
Sendo nossa vizinha, a conheci desde criança, com uma característica marcante - a vaidade. Vaidade essa que ela mantém até os dias atuais, quando com esmero, cuida das suas madeixas sempre loiras e a eterna pastinha impecável; olhos e sobrancelhas sempre bem delineados com cryon; uma pele de bebê mais suavizada com pó compacto, sem falar de uma pinta em seu rosto realçada como o mesmo lápis.
Estando na janela, não dispensava o uso de um lenço de seda colorido para compor seu visual.
Nunca abriu mão dos bobies, para avolumar sua cabeleira, e realçar ainda mais os seus lindos olhos azuis.
Bonita, traços finos, visíveis ainda nos dias atuais.
Dentro de uma saia rodada cheia de anáguas, vez por outra, ela nos presenteava com um desfile pela Av Dr. Antonio Muniz e adjacências, por alguma razão especial. Toda garbosa, sorridente, preocupada em parecer impecável aos olhos de quem a assistia passar. Ajustava a cada segundo, aqui e acolá, algum detalhe da indumentária que lhe incomodasse. Não podia fazer feio, afinal era na época a moça mais cobiçada pelos rapazes, particularmente pelos viajantes, que por aqui passavam, suprindo o comércio local, muito comuns na época.
Levava uma vida recatada, sem muitos amigos, mas amiga de todos. Debruçada em sua janela, hábito que ainda persiste, assiste a vida passar, e se mantém bem informada das novidades mais frescas da cidade.
A única festa que no passado lhe tirava do casulo, era o carnaval; sua preferida e única. Nos carnavais, ela se destacava com sua brilhante presença. Se produzia com esmero, e muita animação, rumo ao Clube Social, para se esbaldar ao som das marchinhas ecoadas pelas bandinhas de fanfarra, (Ó jardineira por que está tão triste, mais o que foi que te aconteceu....) soltando seus gritinhos de intensa euforia.
Muito tempo depois, Lia restringiu suas saídas. Sempre acompanhada por alguém de sua confiança, ela passou a sair apenas pra ir ao dentista ou por ocasião das eleições, para cumprir o seu dever cívico. Hoje, Lia, sozinha, fato que parece não aborrecê-la, continua "bem informada", conversando com transeuntes que sempre lhe vêem trazendo novidades.
Fiel aos seus hábitos e costumes, continua na janela, assistindo a vida passar.
Embalada pelos seus sonhos e fantasias distribuindo os mesmos sorrisos, ela continua ali, impecável mas totalmente alheia as novas tecnologias e modernidades. Lia embora de família simples, tem porte de princesa, e como princesa aqui lhe rendo a minha homenagem cheia de carinho e respeito.

(*) Texto de Neide Aquino, mãe, e foto de Fabíola, filha.

Deufunto de Chumbo

DEUFUNTO DE CHUMBO (*)

Damião, do Alto da Cambambosa, era vaqueiro valente, forte e duro no trabaio.
Peuto do Alecrim, Sirvina, moça dereitcha, era uma fromusura só.
Damião já vevia cansado das rapariga do lugar. Toda semana passava o rodízio. E ninguma cobrava. Ele não sabia se era por medo ou proque elas gostava da sua taca.
Sirvina temia ficar no barricão. De oio todo home tava, ma, frente da belezura fartava corage. Só de oiar os home tremia as perna, as mão, a fala sumia, o coração subia.
Cum Damião num teve lero-lero. Bateu os oio na portranca e falô - Com tu vô casar.
Ela se sustô. Se picô num piscar d´oio. Mas, inda viu a cara de pedra, o olhar de aguíia e um bigodão de cauvão. Esta foi sua perdição. Sempre sonhava cum um bigodão.
Dois mês adispois era Sirvina na cosinha, na caminha, na hortinha, na caminha, na lagoinha, na caminha. Parecia uma pombinha. Num enxertô, mas, cuma treinô!
Ele tomém era marvado. Os boi era no ferrão, estropiava rês, descaderava bode e oveia.
Cuma ela era casada, num posso falar: a cara de louça, a boca um jambo. E o oio? Bolona de gude leitosa cum uma jabuticaba. Nem digo que as peuna era roliça, a cintura era de pilão e que a anca botava banca. O resto? A premera preferência é míia.
Bateu ciumeira no Damião. Pispiô a judiar a muié. Era palavrão pra lá, safanão pra cá, berros pra lá, leros pra cá, surra de currião, muitcha humiação.
Pra tanta malvação, uma vingação. Ele foi sartar uma ceuca, inscorregô. Na saída, lá dele, entrô uma estaca inté a boca do istombo. Ficô enrabado, entalado, envarado.
Uns parente, uns conhecido e uns inxerido leuvô o caixão. No rio, os home c´água nas canela, o carrego empacô. O deufunto pesô demais. Os home gritô - Acode gente.
Uma dúzia de home num guentô. Veio um carro-de-boi. Moço, cundo o caixão arriô na mesa, as roda fundô, os boi joeiô, o povo pasmô. Uns gritô - Os pecado virô chumbo.
A viúva que vinha na rabeira, carma e arliviada, vendo a frição, cramou - Sá Inhora do Menino Jisus apiede. Inhorinha, já perdoei ele.
Tudo vortô, inté mió. O caixão tinha asa, virô argodão. Pareceu inté que a terra queria o marvado. Cuma pode? Fartô terra do buraco discavado. Teve que pegar de fora. E os falatório começô já na vorta do sumitério:
- Aqui faz, aqui paga.
- O Tinhoso inda vai querer muitcho troco.
- Diantô arguma coisa. Deixô prosoto a viúva boa.
Foi pra Sumpalo. Ingora, eu inda sonho pecano cum ela. É um pirão de lamber os beiço!

(*) Minicauso, baseado no imaginário e um pouco no linguajar da nossa terra. Escrito por Rubem Ivo e já publicado em versos (Gió de Filó) no livro ANDANÇAS.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Seta

Em outubro de 56, foi lançado A Seta, "um jornal independente, para um povo progressista", que buscava narrar os acontecimentos da cidade. Circulou pouco, apenas quatro edições.
Abaixo a edição nº 01. Clicando em cada imagem, iniciamos uma viagem onde cada detalhe será motivo de grandes lembranças.


quinta-feira, 7 de maio de 2009

A primeira chegada do trem


Uma foto histórica enviada por Rubem Ivo, com o seguinte texto: "A primeira chegada do trem à Caculé. Vê-se que a ponte ainda não tinha sido construída e nem a estação(*). Havia um caminho que se tornou a Av. Eng. Artur Castilho."

(*) inaugurada em 1º de maio de 1949, segundo o livro Caculé de Miguelzinho, escrito por José Alves Fróis, em 1967.

A Praça do Hotel de Dona Lia



As fotos foram tiradas do telhado dos Correios na década de 60.
O Rio do Antônio largo e com areia nas margens, o hotel de D. Lia, a melhor comida do interior baiano, segundo os viajantes e a bomba de gasolina, o posto zero da cidade.