Comocoxico

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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Tampa da Lua (*)

Quando comemoramos os 40 anos da conquista da lua, nos vem à memória um outro personagem caculeense que nos deixou muitas histórias.
Nosso inesquecível Sulino, que em 1969 possuía um boteco ou, como chamávamos à época, café; o Café de Sulino. Localizado num dos pontos do Mercado Municipal de Caculé, era o ponto preferido para discussões de futebol, política e atualidades.
O assunto do momento era a chegada do homem à lua. A Apollo XI chegaria ou não à lua? O homem pousaria ou não no solo do nosso satélite? Eram as indagações do momento.
Numa noite, poucos dias antes do grande feito, estudantes discutiam as possibilidades. Uns acreditavam ser possível, outros não. Os argumentos, contra ou favoráveis, eram os mais diversos, até que nosso “cientista” Sulino entrou na conversa e deu sua opinião: “Eu acho que o homem consegue encontrar o buraco para sair da terra e vai chegar até a lua; agora, encontrar a tampa da lua, pra ele entrar, aí vai ser difícil”.
Sorrisos, gozações, cartazes com desenhos alusivos à “tampa da lua” afixados nas paredes e murais do Colégio... A população, por alguns dias, só falava daquele assunto. Nosso amigo Sulino não suportava mais as brincadeiras. Os clientes ao pedirem uma cerveja, perguntavam o que ele faria com a tampa, era o bastante para ouvirem, no mínimo: “Vou por no... de sua mãe”.
Uma semana após Neil Armstrong ter pisado na superfície lunar, chega a Caculé a revista Manchete que traz uma matéria sobre o assunto e uma foto da lua com o desenho de um retângulo, mostrando o local exato em que a espaçonave pousou.
Sulino comprou um exemplar da revista e se mostrava vencedor, exibindo a fotografia: “Eu tava certo ou não tava? Olha a tampa da lua aí, cambada de burros!”

Se a NASA tivesse conhecido esse homem, seu futuro teria sido outro.

(*) Texto de Sebastião Brito, também conhecido por Cecé ou Tião.

5 comentários:

Vespasiano Neto disse...

Inspirado pelas boas prosas, ontem a noite, no lançamento do Bruaca de Causos, de Rubem Ivo, Cecé nos brinda com mais um texto e garante que outros personagens de Caculé brevemente estarão nadando no Comocoxico.

Betão disse...

Esse aí, como Hermandino, tem muitos causos... Os da loteria, do mágico do circo, etc. Essas figuras são uma espécie de folclore interiorano, que contribuem para boas lembranças do nosso pedaço de torrão...

Anônimo disse...

q linda historia 8)

adoro viajar pelo passado de nossa historia.!

abraços Vespasiano õ/

Anônimo disse...

Cecé, conta-se que esse mesmo Sulino recebeu um dia em seu estabelecimento um desconhecido, e logo entabularam conversa. O Sulino começou a contar vantagens dizendo que possuia muitos bens, que seu bar era um dos que mais vendia em Caculé e por aí a fora. Num certo momento seu interlocutor interrompeu-lhe e perguntou se ele pagava imposto de renda sobre o que arrecadava, ao que Sulino respondeu:
- Que mané imposto de renda que nada, eu nem sei o que é isso. O cara então indagou:
- Você sabe com quem está falando?
Eu sou fiscal da Receita Federal. Nosso amigo nem pestanejou e retrucou. E o senhor sabe com quem está falando? Fez uma pausa e continuou... com o homem mais mentiroso de Caculé!!!

Betão disse...

É... com protagonistas tão notáveis, as pessoas começam a fazer confusão, atribuindo a um histórias do outro. Esse caso do Fiscal da Receita Federal não foi com o Sulino, e sim com o Hermandino, que aliás negociava com um volume bem maior, e de mercadorias bem mais caras e inseridas no contexto da fiscalização.