Comocoxico

Local para contar estórias, causos, mostrar retratos, recitar poesias, encontrar e reencontrar os filhos e amigos de Caculé.
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segunda-feira, 27 de julho de 2009

O email de Antonio Moraes

Alô meu povo de Caculé!

Entrei no Blog e adorei, primeiramente quero pedir desculpa a Arnulfinho, pelo sumiço do monóculo, foi mal mas a minha intenção era boa. Fiquei me lembrando dos Rebeldes, como eu gostava de fazer parte do grupo, mesmo tocando bateria, que nunca foi o meu forte. Mas eu queria estar alí, principalmente perto do mestre Arnunice, com quem pude aprender, não só violão, como na vida, admirava o seu jeito libertário de ser, sinto saudades e peço a Deus que esteja num lugar maravilhoso. Arnunice e Dudula, são realmente dois mestres para mim. Caculé é a minha segunda terra, ter estudado aí foi pra minha vida muito importante. Sempre fui bem recebido e até hoje sou grato por isso. Espero uma oportunidade de voltar a esta cidade tão querida. Agora, como gosto mais de fazer, vou expressar nos versos de uma canção, toda minha gratidão aos grandes violonistas autodidatas do interior, que são a minha referência.

GRATIDÃO
Dudula e Arnunice
Boreta e Gabiraba
O interior se gaba
Dos seus violonistas
Que tocam de ouvido
que são autodidatas
que fazem serenatas
Jamais são esquecidos

Olhando pros seus dedos
Viví momentos raros
Eu descobrir segredos
Que hoje me são caros
Amigo Violão
Aos mestres com carinho
Dedico esse chorinho
Que se chama gratidão

Subí na caixa d agua
E pra toda cidade
Cantarolei as mágoas
Da minha mocidade

No banco do jardim
Tentei fazer bonito
Pra que Tio Benedito
Se orgulhasse de mim

Tem corpo de mulher
O meu instrumentú
Te quero Caculé
Te amo Ituaçú

MORAES MOREIRA.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

CACULÉ DE TALENTOS

ARQUIVO MUSICAL, por Arnulfo N. Sapucaia

Na década de 60, em nossa querida Caculé, foi criado o primeiro conjunto musical e quem é dessa época ou anterior a ela, deve lembrar-se com certeza dos ‘REBELDES’. Conjunto formado por ARNUNICE (Grampão), ARNULFO (Arnulfinho), ANTONIO MORAES (hoje Moraes Moreira) e MILTON TEIXEIRA, (filho de Antonio Teixeira, ex-prefeito). O uniforme era composto por uma camisa vermelha, tendo estampado no bolso, a letra R e uma calça preta.
Arnunice tocava um violão elétrico, fazendo solo, Arnulfinho tocava também um violão elétrico fazendo base (acompanhamento) e contrabaixo, Antonio Moraes na bateria e Milton Teixeira o cantor, com aquela voz bastante grave. Pronto, estava formado o mais famoso conjunto musical da época. Nesse tempo a nossa condição financeira era bastante precária, os instrumentos eram eletrificados com captadores feitos manualmente, a bateria era composta por um bumbo, o prato da bateria pertencia à Banda de Chico Amaral e as caixas de percussão, eram emprestadas do Colégio Norberto Fernandes. Como a vontade e o amor pela música eram superiores, tudo era superado. Nosso primeiro contrato foi para tocar em uma festa, na Coroação da Rainha, final de ano, na cidade de Mortugaba. Foi um sucesso. O dinheiro que ganhamos foi bom, mas só deu para pagar as despesas de botecos, (risos) Outras festas foram aparecendo, Licinio de Almeida, Jacaraci, Ibiassucê, Rio do Antonio, Tauape, Ibitira, Condeúba, etc... Sucesso total. Como diz o ditado “tudo que é bom dura pouco”, assim foi nosso conjunto. Quando o quarteto foi extinto, com a saída de Antonio Moraes e Milton Teixeira, foi criado um novo conjunto musical chamado OS INOCENTES. Era composto por: Arnunice, Arnulfinho, Ademir, Carrilho e Louro, mas os detalhes ficam para a próxima.
Hoje, nosso querido Arnunice (Grampão), mora em outra dimensão

A nossa expressão maior,
Reside doravante,
Numa outra dimensão,
Uníssono e feliz,
Navegou no
Infinito cósmico,
Cenário onde agora,
Executa lindas canções.
Palavras do nosso querido amigo Betão.

Arnulfinho mora em Caculé, trabalhando na Secretaria da Segurança Pública (Investigador de policia), Milton é professor aposentado, Antonio Moraes foi para a capital e seguindo sua vocação musical hoje é o grande cantor/compositor MORAES MOREIRA, também um exímio violonista, que por sinal aprendeu com o grande amigo Arnunice (Grampão).
Infelizmente a única foto, tipo monóculo, que registrava o quarteto, Moraes levou consigo, dizendo que ia mostrar para sua tia e familiares, depois devolvia e até hoje (risos), mas está registrado na memória de todos, tenho certeza.
Abraços,
Arnulfinho

Nota do Comocoxico: Enquanto Arnulfinho prepara um novo texto e na ausência do monóculo levado por Morares, contemplamos uma foto histórica de OS INOCENTES.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

HERMANDINO, O HERÓI

UM HOMEM QUE, COM MUITA IMAGINAÇÃO E BOA PITADA DE MENTIRA, SE FEZ HERÓI (*)

Quem viveu em Caculé nas décadas de 60, 70 e 80, deve se lembrar muito de Hermandino Sales e de suas histórias, geralmente contadas em mesa de bar.

Contou ele, certa vez, que foi goleiro titular do Flamengo (Clube de Regatas Flamengo, do Rio de Janeiro), por muitos anos.

Uma vez, o Flamengo foi contratado para um jogo amistoso num pais da África que comemorava sua data magna com uma grande festa. “Nosso herói”, como sempre, grande boêmio e chegado a farras, na noite anterior à viagem, se envolveu em uma farra, dormiu muito tarde e perdeu o vôo que levou a delegação à África.

Lá chegando o Flamengo, os torcedores africanos assediaram os jogadores querendo saber quem era Hermandino.

Frustração total e revolta da torcida. Boicote. “Hermandino não jogando, não iremos ao estádio”. Problema criado, o chefe da delegação entrou em contato com os diretores que haviam ficado no Rio, para que, de qualquer forma, mandassem o goleiro naquele dia.

Conseguiram um vôo, com escala em Roma e, lá se foi o grande jogador. Na escala em Roma, quem entra no avião? – O Papa, convidado de honra pelo governo daquele pais, para as comemorações. De Roma até o destino, reclamações do pessoal do Vaticano com os comissários, que não davam atenção ao Santo Padre, voltando seus cuidados e préstimos somente àquele rapaz de macacão vermelho e preto.

Quando pousaram no aeroporto de destino, uma multidão aguardava Sua Santidade e gritavam todos, numa só voz: VIVA O PAPA!!! VIVA O PAPA!!!, quando um torcedor ferrenho do rubro-negro carioca, que conhecia por fotografia seus ídolos, viu alguém descendo as escadas do avião e gritou: OLHA O HERMANDINO ALÍ!!! Foi o bastante para que todos os presentes partissem para a aeronave em busca de autógrafo ou tão somente para ver de perto o grande ídolo. Derrubaram o Papa nas escadas, deixando-o sozinho com a equipe do Vaticano e saíram carregando nos braços o jogador mais importante do Flamengo.

Nos braços da torcida, seguiu ele agradecido, porém, muito chateado com tudo aquilo.

“Se soubesse que ia acontecer tudo isso eu não teria vindo ou teria pedido ao Flamengo para me mandar num vôo particular”.

Glória e fama não é para qualquer um.

(*) Texto de Sebastião Brito, também conhecido por Cecé ou Tião, o filho de Seu Abdenor e Dona Maroca.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Um cordel para o Prof. Deba

Um cordel para o meu querido mestre e amigo Prof. Deba, por Beto Pereira, em 15/08/07.


Filho de Seu Florindo e Dona Almerinda
Prá vida as mangas bem cedo arregaçou,
Mostrando que o caminho é o estudo
Partiu prá Caetité, onde logo se formou

É bom parar prá pensar
Só cresce na vida quem quer estudar
O seu legado é sempre atual
Adquira conhecimento, não há nada igual

Rio do Antônio com certeza se orgulha
De ter um filho catedrático
Homem de grande cultura
Sem desprezar a ciência ele é prático,
Construindo tudo em formosura
Seja de qualquer modo, ainda mais no didático

Grande educador que sempre foi
Não poderia deixar de fazer parte
Do seu currículo de mestre em educação
A qualidade de incentivador da arte

Meu querido Professor
De cordel não entendo nada não
Quero apenas dizer
Que não faço confusão
Sei que o grande educador
Do conhecimento é o maior artesão.

O email de Rubem

Depois de receber o email abaixo de Rubem, tratei logo de arranjar tempo e colocar agua nova na barrage! Ser cobrado com poesia não tem preço!!!!

"Sobre a Demora

Tá tomando muito goró, matutando uma munganga, se livrando de um picó ou só cosinhando galo?
Abro destabocado o blog, a barrage tá no que tava, um olho corre pra onde berra o bode e o outro pra onde muge a vaca, fico atolermado com a seca.

É uma cobrança jocosa, pura brincadeira de quem gosta de lá beber.

Abr
Rubem"

TRIBUTO A UM MESTRE, por Ney Costa

TRIBUTO A UM MESTRE
Ao professor Idalmi, pela comemoração dos seus “50 anos”

Ney Costa (*)

Mestre, rememorando tempos d’outrora
vejo-te em frente à loisa
explicando-nos coisas
logo ao nascer da aurora!
Começavas a falar
posto de pé em nossa frente
cumprindo, fielmente,
a missão de nos ensinar!
Unindo teoria e prática
carregavas contigo um vasto saber
onde nós, estudantes, buscávamos conhecer
os princípios lógicos da matemática!
Hoje te vejo a comemorar
meio século de vida
e, com a mão estendida
venho te parabenizar!
Trago também na voz embargada
quase sufocada pela emoção
palavras sinceras de gratidão
pelos ensinamentos da longa jornada!
Guarda portanto, ó mestre, contigo
no âmago do teu coração
estes versos como recordação
do humilde poeta... do aluno... do amigo!

(*) Ney Correia Costa, nascido e criado em Caculé, é filho de Jurandyr e Cleuza Costa.

CACULÉ, por Eny Meirelles

Terra vermelha,
poeira
de um tempo
que passou.

Resta a saudade
dos amigos,
colegas,
Colégio,
estudantes-filhos
que adotei
e, junto aos meus,
seguiram trilha
da sabedoria,
da ordem
e da lei.

Algazarra da mocidade.
Ritmo da banda escolar.
Som de paz e alegria
que fez
muita gente chorar.

Homens fortes
de mãos calosas
e pés no chão.

Homens evoluídos
de mente sadia
e bom coração.

Lembranças de Caculé,
terra vermelha
de sangue e amor.
Poeira de um tempo
que o vento inclemente
levou....

A Festa foi boa!!

Faltou tempo!! Foram tantos encontros, reencontros, leitoas, quentões, forró na praça, forró na rua, forró nas casas, forró nas roças....
Ficou o gosto de quero mais e a certeza de novo encontro no São João de 2010.
Algumas imagens feitas por Cleuza Tetê Santos, Ivone Gabriel e Fabíola Aquino.

A Equipe - PRVC e CINE (*)

Toda região sertaneja baiana, no início da década de 1950, foi castigada por tão longa e inclemente estiagem, que provocou um surto epidêmico, causando muitos sofrimentos e sérias preocupações não só à população carente como a fazendeiros, agricultores e comerciantes.

Sensível aos reclamos e apelos das autoridades municipais, o governador Régis Pacheco, ordenou a vinda a Caculé, de uma equipe de profissionais da área de saúde, composta de dois médicos e três enfermeiras para a prestação de assistência aos desprovidos de recursos e implementação de outras ações de emergência.

A equipe hospedou-se no Hotel Lia, o mais conceituado e famoso na época, de propriedade de Dona Maria José Nascimento, carinhosamente Lia do Hotel, uma criatura de prendas domésticas e de boas maneiras. Lia de fala mansa e simpática, recebia seus clientes com urbanidade e atenção.

Dada por concluída a sua missão, ao longo de duas semanas, a equipe, diga-se de passagem competente, realizou com zelo e espírito solidário, um trabalho tão útil quão importante, de socorro e educação sanitária. E, ao despedir-se da cidade, certamente em retribuição ao tratamento recebido e a boa acolhida que teve da família caculeense, a médica que chefiou o prestativo conjunto, o fez através dos Serviços de Alto Falantes da PRVC, cujo ponto de rádio era dirigido pelo competente e impecável locutor Aizete Gonçalves Fauaze. Pronunciando comovidas palavras de agradecimento à comunidade, no ensejo, realçou que a D. Lia, além de cuidadosa e diligente hoteleira, era uma senhora, na realidade possuidora de sentimentos nobres e notáveis predicados sociais e humanos.

Já que fiz referência a Gonçalves, não posso olvidar o seu ilustre mano Nacim, pois ambos foram agentes responsáveis pelo lançamento de bons filmes, que não seriam exibidos em Caculé não fossem os esforços desses dois pioneiros, inteligentes programadores que lutaram pela escolha e qualidade dos filmes exibidos.

Aqueles que tiveram a ventura de conviver coma fase de ouro do Cine-Teatro Engenheiro Dórea, devem se lembrar da exibição regular de filmes, que proporcionaram grandes momentos de recreação e lazer aos seus premiados frequentadores, graças à atuação desses verdadeiros “irmãos coragem”.

Movimentados foram também os interessantes “Programas de Auditório”, realizados na mesma casa de espetáculos, aos domingos e feriados, animados e desenvolvidos por Eustórgio Cavalcanti e outros auxiliares, com a participação efetiva de amadores e calouros, sempre dispostos a enfrentar o temível microfone.

Recordo de jovem calouro, com seu vozeirão, cantando: “Ó sol, tu que és o rei dos astros, tu que iluminas o mar e a montanha”, sacudindo a platéia entusiasmada e delirante.

Bons tempos aqueles!...

(*) Crônica de Vespasiano Filho, publicado em seu livro "RECORDOS", editado em 2000, pós mortem. Se vivo completaria 97 anos, no último domingo, 5.