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domingo, 1 de novembro de 2009

BABA DA BOCA DO RIO (20 anos)

BABA DA BOCA DO RIO (20 anos)

(Ponto de encontro da galera de Caculé em Salvador)

Por Betão Pereira

6ª feira, 18:00h, final de expediente: hora de desligar o computador (ainda não tinha internet), juntar os papéis sobre a carteira e fazer algumas ligações para combinar o local do encontro de logo mais: Bar do Chico na Ladeira da Barra, bares do Rio Vermelho (onde Nilo morava), algum bar do Garcia, etc. Este era o nosso ritual de concentração para o baba do dia seguinte (sábado), na Boca do Rio, na década dos anos 80 (lembrando que o baba, desde os fundadores: Ivan Miranda, Nilo, Cabecinha, Jorge Fróes, Eduardo Gener, etc., começou nos anos 70, portanto, teve duração de 20 anos, já tendo mais 20 que acabou). Quanta saudade... Ainda na 6ª feira, no bar, o pedido de Nilo: calabresa acebolada. Aí muita cerveja, violão, bate-papo, piadas, gozações... Quando chegava em casa, eu ainda ia engraxar minhas chuteiras, gostava delas brilhando... Dia seguinte, sábado de manhã: Boca do Rio, imperdível!! Podia chover forte, etc., Nada nos desviava!! Nossas mulheres já sabiam: não adiantava contar conosco para compromisso nenhum no sábado de manhã!! Elas, com nossos filhos, podiam nos acompanhar, tendo a boa opção de nos aguardar, curtindo a praia.

Em fevereiro de 1984, ainda morando em Brasília, vim passear em Salvador. Fiquei por aqui uns 15 dias e peguei uns 3 babas. Para mim foi a felicidade total: Estar nessa cidade fascinante, com meus amigos, na maioria caculeenses, era tudo!! Findo os 15 dias, jurei que em breve estaria de volta a esta cidade, em definitivo. Não deu outra!! Seis meses depois, em agosto do mesmo ano (1984), aportei em Salvador, dessa vez para não mais sair!! A partir daí, tornei-me um dos frequentadores mais assíduos do baba.

Quando chegávamos no baba, sempre com bola nova debaixo do braço, era uma festa para os nativos que ali se encontravam desde o clarão do dia. Infelizmente, depois de 20 anos, não me lembro mais dos nomes deles, ficando apenas na mente os de Coentro e Xaxa. A fisionomia, esta não esqueço nunca!! O nosso time foi sempre muito bom nas suas diversas fases, não perdíamos quase nunca!! O problema era quando, a gente ganhando, Nilo “descia a madeira” nos caras, ia no meio da canela... Aí o pau comia!! E a gente tinha que botar pano quente, administrar a briga. Ou então quando Cabecinha tomava um daqueles “perus” (frango) e Nilo só faltava esganá-lo... Quando já cansados e o sol já escaldante (11:00h), saíamos de campo, deixando a nossa bola com os nativos, o que nos dava moral de ter sempre o mando de campo. Aí sentávamos para a resenha e para acabar com o estoque de cerveja de “Aranha” (no princípio, antes do projeto orla, eram 8 campos. As cadeiras eram os troncos de coqueiros e a cerveja de Aranha era em caixa de isopor. A pista da orla era vai e vem (mão dupla), estreita. Certa vez quase perdi um vôo de volta para Brasília, por causa do engarrafamento. Nato me salvou fazendo verdadeiro malabarismo no trânsito!!

Quero agora lembrar nomes dos que passaram pelo baba, pedindo desculpas caso esqueça de alguém: Ivan Miranda; Eduardo Gener; Nilo; Cabecinha; Beijoca; Raimundo (CQR); Tarcísio; Beto Bonelli (Beto de Rebouças); Ruyter (um dos maiores craques que já vi jogar nos meus 40 anos de futebol...); os irmãos Zezão e eu (Betão Pereira); Adauto (Brasília); os manos Sizininho e Silvinho Pinheiro; os Fróes: Jorge, Luizinho, Ivanzinho e Breno; George Malheiros, Lu de Deba; Fernando Brito (Noronha); Zé Maria; Beto Maradona; Carmélio; Lelê; Líbio; Norberto; Newton de Kelé; Zé Neri; Túlio (BB); Alan Fera; Luciano Pinho (primo); Tadeu Gomes (Pancadão); os manos Adeílson (Nêgo Branco) e Aurélio; jogaram um ou dois babas: Biruê; Vivi; Valdeci; Pinho; Elzevir; Miguelzinho; Lulu, Gute e Adelson (Brasília). Chiquinho de Chico Louro; Netão de Oribe; Sivaldo; Carrilho e Cariquinha. A galera de Ibiassucê: Bené, Didi, Alemão, Tonga... De Urandi: Juarez, Nena... Aí veio a meninada nova de Caculé (na época): Gal e Fabiano de Careca; Manga Rosa também passou por lá; Alessandro de Francinha; Túlio de Esmar; Ari Xavier; Darlan; Helder Porto; Gabriel de Tonhão, Tõe Carlos também passou... E ainda os torcedores e amigos que apareciam para o encontro da galera, ainda que esporadicamente: Bel do Mel, etc. Novamente queira perdoar, alguém que, eu por acaso tenha esquecido!!

Bom, aí o nosso maestro “Nilo”, aprovado num concurso da Secretaria da Fazenda, mudou-se para Vitória da Conquista e, pouco depois, no dia 16 de dezembro de 1991, foi chamado para atuar no”Time do Céu”, onde alguns craques caculeenses já estrelavam, como: Grama (para mim, o melhor goleiro que vi jogar, sensacional!!); Salvador Leitoa, Vavazinho, Brás (Benito); Môca, Vavá Bacalhau; Artur Neves, Jurandyr Costa; Arlindinho... E, como digo na minha canção: “Foi um celeiro de craques que o tempo apagou, porque o tempo passou, e Nilo nem ligou...”

10 comentários:

Antonio Carlos Rodrigues disse...

Parabéns Betão, um texto maravilhoso, uma lembrança maravilhosa, esse baba era uma reunião fantástica dos Bunda-vermelhas na capital.FOTOS MARAVILHOSAS, GOSTEI DA SUNGUINHA...RSRSRSRS

beto novais disse...

maravilhosa reportagem
tá perdoado por esquecer meu nome (beto de ibiassucê)
os babas eram muito mais do que um simples futebol, era um dos principais momentos da semana.
é admiravel essa sua grandeza de manter fotos antigas e maravilhosa
abraços amigo betão

Betão Pereira disse...

Meu querido amigo e xará Beto de Irani!! Eu sabia que correria o risco de esquecer algum nome tão precioso mas, sabia também, que de pronto seria lembrado para correção em tempo. Queira perdoar amigão!! Você foi um dos grandes nomes do baba e um amigo sincero, que continua presente no meu coração!!
Grande abraço!!

Adauto disse...

Eu estive lá e assino embaixo de tudo que o Betão postou. Foi uma época inesquecivel em que tive a oportunidade de fazer grandes amigos e também conhecer Caculé.

Obrigado m'rmão pela lembrança e por me fazer voltar àqueles dias fantásticos na bela Salvador.

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Antonio Carlos, não sacaneia o Betão. A sunguinha era apenas um detalhe; mais importante era sua amizade e a aula de futebol que ele nos proporcionava (rssss).

Betão disse...

Adauto,
Não sacaneia você!! Todo mundo usava sunga quando estava a fim de pegar um bronzeado, ainda mais quem era "sarado"... E continua... Inclusive você também está de sunga, só não dá prá ver pela sua posição!! Quanto à amizade e nível do futebol, modéstia à parte, aí sempre mandei bem...

Adelson disse...

Betão, não sei se você vai lembrar: parte da turma que está nesta terceira foto – eu, Alessandro, Gal, Fabiano, Darlan etc – acabou saindo da praia para o bar Zero Grau na Pituba, depois pra outro botequim no Largo da Mariquita – onde comemos todos os queijos coalhos de um vendedor crioulinho que era percursionista-mirim do Olodum – e acabamos tomando a saideiríssima, já bêbados, no apartamento de Neto de Oribe que estava fazendo aniversário. Haja fígado!
Outra coisa, quando você me mandou um e-mail com estas fotos fiz menção à garçonete da barraca que era sósia da Elba Ramalho. Parece que só eu a notei ; outros ficaram olhando o que vestiam os homens...
Grande abraço e saudações botafoguenses!

Adelson

Betão disse...

Delson,

Assunto 1: Você e sua memória prodigiosa...
Assunto 2: Pois é, o sapateiro sempre olha para os pés dos outros!!
E, Saudações o quê?? O que rola na mídia é que a "Madona quer praticar um ato filantrópico. Então, adote um jogador do Botafogo!!".

Betão disse...

Gostaria de fazer um adendo à matéria "Baba da Boca do Rio". Conta-se que (eu ainda morava em BSB e não havia me integrado ao baba), Carrilho apareceu certo dia no baba e fez um gol de kichute! Imaginem! Entendam, o kichute é que entrou no gol, no ângulo!! A bola? Essa passou longe do gol!! Hehehehe...

Vespasiano Neto disse...

Betão, este "gol" me lembra um baba jogado no campo da Estação no São João de 1983, para comemorar a despedida de Carrilho (comentava-se que havia sido vendido para a Itália). O time de Salvador, após a concentração no bar do finado Josias, goleou o invicto Piau Esporte Clube, com importante auxilio do juiz e outros craques caculeense. O massacre foi tamanho que o PEC abandonou o campo. Memorável peleja!

Betão disse...

Querido Neto,
História é bacana... Parabéns! Sinceramente desta partida eu não me lembro, em 1983 eu já morava em Brasília; mas, como nos 32 anos em que moro fora de Caculé devo ter ficado apenas um ou dois "São Joões" sem estar na nossa terrinha, pode ser até que eu tenha jogado para o time de Salvador ou mesmo para o PEC. Digo com certeza é que, O PEC (Piau Esporte Clube), foi o grande campeão caculeense de 1977 (Torneio da Independência); título conquistado numa final justamente em cima da grande sensação do campeonato: O Juventude (a garotada: Tiça, Valdeci, Vivi, Zé Maria, Zé de Sizínio, João de Anália...). O PEC mesclou a jovialidade (eu, Tozinho, Marcelo Carinhanha, Mundinho, Roberto Mangabeira, o finado Normário, etc., com a experiência dos craques, alí já veteranos: Rozendo, Tidinha, Benito, Tau, Walmick, Celcino, etc. Então, na minha despedida de Caculé (dezembro/1977), saí daquele nosso querido chão, com o gostinho de campeão... O União de Dô (emoções), um dos maiores craques do nosso interior, enfaixou o nosso time.
Abraços! E vamos contar histórias!